Começo este post com este clipe da música Zombie (favor escutar e prestar atenção na letra, antes de ler o post) e uma frase de Boaventura de Sousa Santos:
""A possibilidade de um futuro melhor não está num futuro distante, mas na reivenção do presente..."
A principal pauta dos grandes veículos de comunicação carioca na semana passada foi a polícia no Rio de Janeiro. São notícias de policiais assaltando, matando mulheres, velhos e crianças. Soldados do Exército praticando barbaridade... e por aí vai.
E, claro, não podia deixar de meter minha colher nesse assunto.
O que muito me aflige é a construção das notícias. Restritas ao fato em si, os policiais são os grandes algozes, mas ninguém para discutir no texto o que gera isso tudo: a política de segurança pública do Rio de Janeiro, política pautada no extermínio, como dizem alguns movimentos, ou, simplesmente a inexistência dela.
Bem, gostaria de escrever mais sobre, mas algo me diz que terei que fazer ainda outros posts sobre o assunto. Então, por enquanto, deixo vocês com um texto Ex-Blog do César Maia. OBS: Não tomo partido nem de A, nem de B, mas o texto está muito interessnate. Vale a pena ler
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Ex-Blog do Cesar Maia 10/07/2008
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NÃO SABEM MAIS O QUE FAZER! OU NUNCA SOUBERAM?
1. Quando uma secretaria de segurança, em qualquer estado ou mesmo em nível federal, não sabe o que fazer, investe em veículos e armamentos, ambos de ampla visibilidade. Quanto mais coloridos e chamativos, melhor. Funcionam como publicidade para que as pessoas pensem que aquilo ali é polícia e aumentem a percepção de segurança. Bem, isso quando não vem junto uma "comissãozinha" tão comum nestas macro-compras de veículos, como ocorreram nestes anos pelo Brasil afora.
2. Em seguida, o governador do estado passa em revista a frota de veículos que sai em passeata com seus letreiros reluzentes piscando, algumas sirenes ligadas. De preferência com fuzis novos a mostra.
3. Quando isso ocorre, todos podem escrever: é tudo empulhação e não há chance de dar certo. De um lado, em vez de aumentar a sensação de segurança, aumentam a sensação de insegurança, pois a ostensividade coreográfica sinaliza para as pessoas que aquela região é de alto risco. Outro dia colocaram uma cabine blindada no final da Av. Princesa Isabel, na Praia de Copacabana. Será que querem dizer que só o policial dentro da cabine está seguro? Cabines imobilizam o policial. Só tem aqui.
4. Veículo é feito para transporte, para dar mobilidade quando necessário. Imobiliza o homem, ao inverso do que parece e descola o policial da rua e das pessoas. Se foram treinados para abordagem, o uso excessivo de veículos os destreina. E quando esse deslocamento em carro, como se estivesse patrulhando, é feito com fuzil, coloca em risco a população civil em seu entorno. Um fuzil desses tem alcance efetivo num raio de 2 km.
5. Mesmo quando há delinqüentes em fuga, o policial deve medir na captura se está colocando a população civil no entorno em risco. Se estiver, pode interromper a perseguição para evitar que a emenda seja pior que o soneto. Isso tem ocorrido freqüentemente no Rio. Tiroteios nas ruas em ações de perseguição pela cidade toda. Na Av. Vieira Souto e Av. Atlântica foram várias, em Ipanema na área frontal ao Pavãzinho, na Tijuca -Conde Bonfim- na Avenida Brasil, nas vias principais da zona norte e da zona oeste. Em todos os casos há pelo menos um ferido. Quando não há vários feridos e mortos, como as tragédias dos últimos dias.
6. Patrulhamento se faz a pé. É com este que a população se sente mais segura. É com este que o policial treina todos os dias as práticas de abordagem que aprendeu na escola militar. Em Londres o patrulhamento é feito com os policiais sozinhos, para evitar distração. E sem arma. Mas com uma letal: seu rádio e a memória do código de localização em cada ponto que estiver de forma a chamar apoio da intensidade que necessitar e na direção necessária que se desloca em menos de 2 minutos.
7. Nos anos 30, na Inglaterra, um policial só era autorizado a usar armas quando todos os testes-surpresa feitos com ele garantiam que ele não tinha mais como primeiro reflexo levar a mão ao coldre. O primeiro reflexo deve ser avaliar a situação e o recurso da arma deve ser uma decisão e não um reflexo.
8. Dias atrás, numa exibição de soldados do exército, na França, o sargento não trocou a munição por festim. Feriram 14 pessoas. O comandante geral do exército entregou seu cargo, o que foi aceito pelo presidente Sarkozy. Esta semana, uma operação de perseguição na cidade do México atingiu vários civis sendo que dez faleceram. O Chefe de Polícia e o Procurador de Justiça pediram exoneração, o que foi aceito. Aqui, são desculpas, lamúrias, xingamentos aos policiais, empurrando para baixo uma responsabilidade que inevitavelmente é de cima. Quando não há essa consciência, não há autoridade, não há comando, não há polícia, não há mais nada.
Ex-Blog do Cesar Maia 10/07/2008
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NÃO SABEM MAIS O QUE FAZER! OU NUNCA SOUBERAM?
1. Quando uma secretaria de segurança, em qualquer estado ou mesmo em nível federal, não sabe o que fazer, investe em veículos e armamentos, ambos de ampla visibilidade. Quanto mais coloridos e chamativos, melhor. Funcionam como publicidade para que as pessoas pensem que aquilo ali é polícia e aumentem a percepção de segurança. Bem, isso quando não vem junto uma "comissãozinha" tão comum nestas macro-compras de veículos, como ocorreram nestes anos pelo Brasil afora.
2. Em seguida, o governador do estado passa em revista a frota de veículos que sai em passeata com seus letreiros reluzentes piscando, algumas sirenes ligadas. De preferência com fuzis novos a mostra.
3. Quando isso ocorre, todos podem escrever: é tudo empulhação e não há chance de dar certo. De um lado, em vez de aumentar a sensação de segurança, aumentam a sensação de insegurança, pois a ostensividade coreográfica sinaliza para as pessoas que aquela região é de alto risco. Outro dia colocaram uma cabine blindada no final da Av. Princesa Isabel, na Praia de Copacabana. Será que querem dizer que só o policial dentro da cabine está seguro? Cabines imobilizam o policial. Só tem aqui.
4. Veículo é feito para transporte, para dar mobilidade quando necessário. Imobiliza o homem, ao inverso do que parece e descola o policial da rua e das pessoas. Se foram treinados para abordagem, o uso excessivo de veículos os destreina. E quando esse deslocamento em carro, como se estivesse patrulhando, é feito com fuzil, coloca em risco a população civil em seu entorno. Um fuzil desses tem alcance efetivo num raio de 2 km.
5. Mesmo quando há delinqüentes em fuga, o policial deve medir na captura se está colocando a população civil no entorno em risco. Se estiver, pode interromper a perseguição para evitar que a emenda seja pior que o soneto. Isso tem ocorrido freqüentemente no Rio. Tiroteios nas ruas em ações de perseguição pela cidade toda. Na Av. Vieira Souto e Av. Atlântica foram várias, em Ipanema na área frontal ao Pavãzinho, na Tijuca -Conde Bonfim- na Avenida Brasil, nas vias principais da zona norte e da zona oeste. Em todos os casos há pelo menos um ferido. Quando não há vários feridos e mortos, como as tragédias dos últimos dias.
6. Patrulhamento se faz a pé. É com este que a população se sente mais segura. É com este que o policial treina todos os dias as práticas de abordagem que aprendeu na escola militar. Em Londres o patrulhamento é feito com os policiais sozinhos, para evitar distração. E sem arma. Mas com uma letal: seu rádio e a memória do código de localização em cada ponto que estiver de forma a chamar apoio da intensidade que necessitar e na direção necessária que se desloca em menos de 2 minutos.
7. Nos anos 30, na Inglaterra, um policial só era autorizado a usar armas quando todos os testes-surpresa feitos com ele garantiam que ele não tinha mais como primeiro reflexo levar a mão ao coldre. O primeiro reflexo deve ser avaliar a situação e o recurso da arma deve ser uma decisão e não um reflexo.
8. Dias atrás, numa exibição de soldados do exército, na França, o sargento não trocou a munição por festim. Feriram 14 pessoas. O comandante geral do exército entregou seu cargo, o que foi aceito pelo presidente Sarkozy. Esta semana, uma operação de perseguição na cidade do México atingiu vários civis sendo que dez faleceram. O Chefe de Polícia e o Procurador de Justiça pediram exoneração, o que foi aceito. Aqui, são desculpas, lamúrias, xingamentos aos policiais, empurrando para baixo uma responsabilidade que inevitavelmente é de cima. Quando não há essa consciência, não há autoridade, não há comando, não há polícia, não há mais nada.
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